sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um autor de respeito

“Gloria a Dios, Honor a inmaculada Concepción, como al fundador y mártir, S. Roque González de la Cruz!”

As citações que estamos utilizando para recuperar aspectos desconhecidos da trajetória do Padre Roque Gonzales, provém do padre Carlos Teschauer (Birnstein, Alemanha, 10.04.1851 - São Leopoldo, 16.08.1930 ), autor do monumental estudo História do Rio Grande do Sul dos Dois Primeiros Séculos, em três volumes, publicados nos anos de 1918 a 1922, totalizando mais de 1.500 páginas (esta coleção de três volumes estava esgotada nas livrarias há quase 80 anos, tendo sido relançada em 2 edição no ano de 2002).
Carlos Teschauer teve reconhecimento oficial quando ainda existia. Isso ocorreu no dia 25.10.1928, quando o futuro presidente da República, então governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, fez uma visita ao Colégio Anchieta, em Porto Alegre, para, entre outras coisas, “agradecer ao padre Carlos Teschauer, o muito que havia contribuído pelo engrandecimento do Rio Grande do Sul, com sua célebre história, da qual afirmou tê-la lido e apresentado.” (*)
Getúlio Vargas, aliás, missioneiro de São Borja, foi o recuperador do sítio arqueológico de São Miguel das Missões para a história universal, tendo sido feita a reforma, “pedra por pedra”, conforme o Sergio Venturini, das Ruínas. Em 1937, durante o 1 Governo Vargas, as Ruínas de São Miguel das Missões, foram declaradas o 1 sítio de preservação como patrimônio nacional (em 1983 foi a vez da Unesco declará-las em escala mundial).

O padre jesuíta Carlos Teschauer foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, em 1920. Dele disse seu colega Pe. Luiz Gonzaga Jaeger, S.J.: “foi o jesuíta que mais contribuiu para aumentar a estima da Companhia de Jesus entre o mundo intelectual brasileiro, durante os três primeiros decênios do século XX. Batalhou pela justiça e pela verdade no campo da história nacional.”
Teschauer é citado como referência de escritor por ninguém menos que o gigante estudioso do folclore brasileiro, Câmara Cascudo. Já o Dicionário de Folcloristas Brasileiros o nomeia como “Uma das maiores autoridades em matéria de história, indiologia e etnologia do Rio Grande do Sul.”
Também a Parroquia Inmaculada Concepción, de Santa Cruz de la Sierra, Argentina, da qual utilizamos a abertura deste quadro, em espanhol, em seus arquivos, escolheu e cita o jesuíta Teschauer como referência para demarcar a data oficial da construção da Redução pelo Padre Roque Gonzales: 08.12.1619.
Teschauer foi um estudioso da flora e da fauna. A frase dela que utilizamos para trazer para a Linha Itaquararé seus prováveis primeiros passos no RS, na edição anterior do Igaçaba: “na altura da barra do afluente Aracatim” referem-se a uma árvore! Provavelmente em extinção.
Apenas fui encontrar na internet exemplares de aracatim, ao lado de outras árvores da flora nativa brasileira, como canela, jequitibá, jacarandá e cabreuva, plantadas no Parque Trianon, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (SP)!
Como toda denominação topográfica indígena, a árvore do aracatim serviu de referência para tornar conhecido o local (JWG).

(*) Jornal A Federação, citado por Luiz Osvaldo Leite, professor de Ética e ex-diretor da Faculdade de Psicologia da UFRGS, no artigo “O livro que Getúlio leu”, na coletânea “RS: História, Cultura e Ciência”, Cipel, Porto Alegre, 2002.

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