sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Conhecendo nosso chão

Turismo Histórico, Cultural e Religioso

Vou chamar Tupã pra ouvir minha voz guarani / Tupã deus da campina, rei da tribo onde nasci / Tupã, vêm me ouvir...
Música Feitiço Índio - Os Muuripás (L. C. Barbosa Lessa), 1985.

Se alguém estiver na França, país europeu, rico e com grande movimentação turística, e de repente sentir fome, deverá fazer a solicitação em francês, sob pena de ficar em permanente jejum. Na Alemanha, uma questão de honra é não “inglesar” o “W”, que se pronuncia “vê” e jamais “dáblio”. Por quê isso? Porque eles preservam sua identidade cultural, através do idioma!
O tango é uma criação do rio da Prata, surgindo inicialmente nos anos de 1850-60 nos bairros pobres de Montserrat e San Telmo, em Buenos Aires, onde os bailes eram chamados de “tangos” e “tambos”, originando-se de uma mistura de ritmos onde inclusive figura a milonga. Duas das maiores expressões do tango foram Alfredo Le Pera, brasileiro e Carlos Gardel, francês, que formaram a maior dupla de “tangueros”. El dia que me quieras, Mi Buenos Aires querido...
A música é um encanto que une povos diferentes, na harmonia do som, na magia dos versos. Foi esta a primeira lição ministrada pelo padre Roque Gonzales de Santa Cruz ao vir para o Rio Grande do Sul, atravessando o rio Uruguai em canoa e encantando os índios guaranis com a melodia em seus primeiros contatos com o pioneiro colonizador de nossa terra vermelha.
A recuperação desta nossa história ancestral, valorizando seus primeiros moradores indígenas, é um objetivo que a Igaçaba vem cumprindo desde sua primeira manifestação. Não existem filhos sem pais. Por vezes, podemos esquecer de dizer que estamos aqui por que Tupã fecundou a terra vermelha...
Depois do idioma português, o tupi-guarani é a língua que mais nomeia lugares no Brasil. Apesar de não se aprender nas escolas, cerca de três mil palavras do tupi-guarani estão presentes no cotidiano do vocabulário brasileiro e, mais eruditamente, elas chegam às dez mil palavras.
Nhenhenhém (falar), a bibóca (casa de barro), cutucar a pereva (mexer na ferida), pirajú - peixe dourado, Inhacurutum - arroio da coruja, rio Uruguai - rio do caracol (uruguá-caracol;y-água), Pirapó - onde o peixe salta ((pira-peixe;pora-cheio, saltar), rio Ijuí - rio da rã (y-água;ju’í-rã), são alguns dos nomes que utilizamos diariamente. A própria palavra guarani (Guarã í) é um vocábulo etnográfico que designava um povo (nação), cujo território ia da região do pampa argentino aos vales do Mississipi nos Estados Unidos.
Em nossa região, para manter preservadas suas seculares raízes indígenas e missioneiras, o turismo deve ser feito por quem tem as Missões no Coração, e por quem é o Coração das Missões. Quando se menciona a Rota Missões, deve-se prestar tributo a um paraguaio que já fazia a integração de nuestra latinoamerica a 374 anos atrás, falando a mensagem divina na língua da terra, o idioma guarani.
Para se compreender a importância da conquista e evangelização do indígena da América do Sul, deve-se pesquisar e descobrir que pregar o catecismo católico na língua nativa, tal como fizeram os missionários em 1500 com os idiomas guarani, aimará e quécha, somente foi estendido à população branca do mundo todo após o Concílio Vaticano II, quase cinco séculos após...
Em face do internacionalismo representado pelo turismo, que é, junto com a telefonia e a informática, um dos três agentes mundiais da globalização, entendemos que uma proposta de turismo no século 21, não pode ficar restrita a poucos municípios, ela tem que envolver regiões inteiras em pacotes turísticos com identidades afins, tem que ser feita por quem fala a nossa língua, e por quem conhece a nossa história e cultura missioneira!
Estamos, com este manifesto, lançando o projeto da Igaçaba Turismo, uma agência de turismo, para divulgar o que temos de atração, para incrementar um turismo receptivo, que traga visitantes de outras regiões, para ampliarmos nossos laços com o mundo. Este o nosso objetivo, para o qual procuramos parceiros e empreendedores, dispostos a acreditar em Roque Gonzales e no nosso potencial regional. (JWG).

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