segunda-feira, 16 de março de 2009

O que será da Barrinha?...

Pois este aprazível recanto está com os dias contados para desaparecer. Visite-o enquanto permitem seu ingresso naquela região, cujo acesso, o que não submergir com o lago, ficará restrito por ter modificada a sua situação de trânsito público para uma propriedade privada, cercada para garantir o pleno funcionamento da usina. Entre seus poucos freqüentadores atualmente, se inclui casais de namorados que buscam lugares ermos para melhor apreciar o remansar das águas e o coaxar das rãs, prateados pelo brilho das estrelas, quando não das noites de luar, refletido no olhar da pessoa amada com quem se encontrar naquele determinado momento.

Adeus, Barrinha

Por João Weber Griebeler
A cidade de Roque Gonzales já teve já teve a sua Barra do Ijuí particular, inserida quase no perímetro urbano e que era a popular "Barrinha" do Rio Ijuí, uma das primeiras áreas de lazer para a família e a juventude nos domingos de verão, no final da década de 60 e boa parte de 1970, juntamente com o Poção, à direita de quem vai entrando na cidade, quase na junção da rua João Del Castilho com a Avenida Pirapó.
Claro, a juventude daquela época não estava tão preocupada em ir-se embora, com um pé na escola e outro na estação rodoviária. A televisão mal era sintonizada por alguns poucos aparelhos, restando bons momentos para serem desfrutados com os amigos nos feriados e finais de semana!
Vivia-se também uma fase de ouro do futebol com a conquista do tri-campeonato no México pela seleção brasileira em 1970 - alguém deve ter fotografias daquele célebre desfile a pé pela cidade embarrada, com os torcedores escorregando no barro e gritando Brasil, Brasil, pela conquista da taça Jules Rimet! - A história da Barrinha, pois, é intrínseca a euforia pela conquista do local para ser o estádio do Olaria F. C., com o início do preparo do gramado do futuro Estádio João de Deus Ramos, que foi totalmente gramado em meses de mutirões pelos torcedores olarianos em 1974 e inaugurado em 75, sendo que neste ano, e em 1976, se deu o auge da Barrinha como local de camping e lazer para o churrasco nos domingos, prosseguindo com memoráveis tardes esportivas no estádio, com até quatro quadros formados!
Diga-se de passagem, que nesse período, as comemorações do aniversário do clube, dia 06 de janeiro, eram realizadas na Barrinha.
As terras da atual Barrinha, antes de passarem à Eletrosul, eram de Miron Hinterholz, até encostar no aramado do estádio e, conforme informações do Carmo Zimmer, a realização dos jogos teria acabado por esvaziar a barrinha, já que para lá chegar, tinha-se que contornar o campo de futebol e, os petiscos ali eram saborosos, como os pasteis da Dona Eugênia Henzel.
Na Barrinha, chegou a ser construído um abrigo de tijolos, formando os vestiários, destinados ao público, masculino e feminino, e o bar, onde o material ficava guardado durante a semana. Ali se fornecia comes e bebes aos banhistas, com atendimento por Valdomiro Mello, ficando aos domingos reservado ao Olaria e durante a semana ao Valdomiro.
Com o pleno sucesso do local, chegou-se a solicitar por ofício ao Destacamento Naval da Marinha, sediado na cidade de Uruguaiana, autorização para funcionar de forma legal esse ponto de lazer. Entretanto, não se tem informação do retorno desse pedido. É provável que tenha ficado "boiando" nas gavetas da burocracia governamental.
Pois quandoessa edição do Jornal Igaçaba estiver circulando, a nossa Barrinha será outra dos exemplares de beleza natural atingidos pela inundação do lago da Usina Passo São João. A formação do referido lago também irá soçobrar com as duas pequenas ilhas ali existentes, no meio do Rio Ijuí. Após a limitação da demarcação dos 30 metros da Área de Preservação Permanente - APP, terá ainda um espaço para se construir algum tipo de habitação, que ficará, diga-se a verdade, extremamente próxima a umidade e ventos que vierem do lago. A área chega a roçar no aramado do estádio do Olaria, devendo a maior parte do arvoredo ainda existente tombar sob a ação de motosserras, dando lugar para as águas do lago.