sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Roque Gonzales

Terra e Sangue das Missões*
Os trabalhos para demarcar as terras do que seria a futura cidade de Roque Gonzales, o Salto Pirapó e seus arredores, remontam ao ano de 1919, com a vinda do agrimensor Carlos Beppler.
Em 03/11/1922, é nomeado em São Luiz Gonzaga, pela prefeitura municipal, o Major Antônio Thedoro Cardoso para fazer a divulgação e vender lotes de terras da nova Colônia Municipal.
Em 1924, começava a vinda de moradores para a Colônia Salto Pirapó (o nome Pirapó significa: lugar de peixe, ou peixe que salta, no idioma guarani mbya, os antigos habitantes da região das Missões), que assim se chamava em virtude de uma notável queda d’água n rio Ijuíl, que formava cachoeiras, ideais para o funcionamento das turbinas de uma usina hidrelétrica, e que viria a ser o grande atrativo para a colonização. Ou seja, a construção da usina, iniciada em 1928.
Os primeiros colonizadores oficiais foram o Major Antônio Thedoro Cardoso e Júlio Schwengber Sobrinho, os quais passaram a trazer pessoas e a desenvolver uma terra fértil e rica em belezas naturais. A grande maioria dos imigrantes era descendente de alemães.
A primeira missa, foi celebrada por Monsenhor Wolski, onde hoje é a Praça Tiradentes, com a data de fundação do novo povoado sendo em 27/01/1927.
Roque Gonzales virou assim o 9o Distrito de São Luiz Gonzaga, sendo instalado em 25/10/1927 e se transformando em Vila na data de 31/03/1938.
No ano de 1954, Cerro Largo consegue sua emancipação e Roque Gonzales passa a ser o 2o Distrito daquele novo município.
Já no dia 08/08/1964, ocorre a primeira formação da Comissão Emancipacionista de Roque Gonzales, que é reformulada e concluída na data de 19/08/1964.
Para conseguir cumprir com as exigências da legislação vigente, foram incluídas as comunidades de Rincão Vermelho, que tivera seu início por volta do ano de 1896 e Vila Dona Otília, fundada em 1908.
O plebiscito foi realizado no dia 17/10/1965, tendo comparecido 1.443 eleitores, com o “sim” obtendo 73,8% dos votos.
No dia 07 de dezembro de 1965, portanto, o distrito de Roque Gonzales, juntamente com o apoio das comunidades de Rincão Vermelho e Vila Dona Otília, teve homologado sua emancipação político-administrativa, pela Lei 5.134.
Nascia o município chamado Roque Gonzales. O nome foi em homenagem ao jesuíta Roque Gonzales, o qual fora beatificado no ano de 1934, pelo Papa Pio XI.
O município foi instalado em 15 de maio de 1966.
O primeiro prefeito foi um interventor federal, administrando sem a existência de Câmara de Vereadores, acontecendo a primeira eleição para o legislativo e executivos municipais no ano de 1968.
Entretanto, na data de 22/07/1971, o município foi considerado Área de Segurança Nacional, por fazer parte da fronteira do país com a Argentina, sendo suprimida a eleição para prefeito que passou novamente a ser nomeado (mantendo-se a eleição popular dos vereadores) e só retornando a escolha do mandatário municipal através do voto popular no dia 15/11/1985.

NO PRINCIPIO - O Padre Roque Gonzales, que chegara ao Rio Grande do Sul através de São Nicolau, em 03/05/1626, fundou a Redução de Assunção do Ijuí, em 15/08/1628, celebrando ali a primeira Missa entre índios guarani mbya, nas futuras terras do município de Roque Gonzales.
Mais tarde, o Pe. Roque e o Pe. Afonso Rodrigues foram martirizados em Caaró, na data de 15/11/1628, por índios mandados pelo Cacique Nheçu, o qual habitava nas cercanias do Cerro do Inhacurutum, proximidades de Assunção do Ijuí, local em que também padeceu martírio o Pe. João de Castilho, em 17/11/1628.
Os três foram considerados pela Igreja Católica em Assunção do Paraguai, pelo Papa João Paulo II, no ano de 1988.
CASCATINHA - Os primeiros colonizadores ao chegarem nas proximidades do que seria o futuro povoado de Roque Gonzales, escolheram um lugar de parada, um local que tivesse água.
Como esse recanto todo ainda era mato, e os povoados do que seriam os futuros municípios ao redor já estavam formados, Roque Gonzales foi um dos últimos a serem constituídos, há mais de 80 anos, sendo escolhido este local com água para beber, para lavar roupas, para tomar banho: a Cascatinha.
Com nascentes no Bairro São José, o arroio faz sua trajetória, cruzando canalizado o acesso asfáltico da principal entrada e saída da cidade de Roque Gonzales, a Avenida Pirapó/ Rua João Del Castilho, indo formar a queda d’água da Cascatinha, na propriedade de Soni Kreuz. Até aí o arroio continua anônimo, sem nome e, mais adiante, ao tomar ares urbanos deságua no Lageado Delfino, indo até o rio Ijuí.
Historicamente, a Cascatinha é reconhecida como o primeiro contato dos colonizadores com a cidade de Roque Gonzales, sendo que em 1968, foi escolhido o nome do Centro de Tradições Gaúchas como CTG Sentinelas da Cascata, em homenagem ao local.

* O dístico “Terra e sangue das Missões”, é de autoria do escritor Nelson Hoffmann e foi tornado um dos emblemas oficiais do município pela Lei 805.

Por João Weber Griebeler – Jornal Igaçaba
(Também com informações dos livros:
a) Município de Roque Gonzales, Pedro Marque dos Santos, 1989;
b) A fascinante história de Roque Gonzales, Ângelo Felipe Ramos, 2001).

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