segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A mesma praça, outros bancos e jardim...

Por João Weber Griebeler
Ouvi pela primeira vez, de modo marcante, a cantora paraguaia Perla, em janeiro do distante ano de 1975, numa apresentação do circo ROSSMARC, naquela noite em que o Teixeirinha e a Mary Terezinha estiveram pela única vez em Roque Gonzales, para se ver o tamanho da promoção. As ruas próximas se encontravam estavam tomadas de automóveis Aero Willys, Fuscas, Rural, Fords da década de 40, 50 (o Corcel era novidade)!....
O circo estava armado na Praça Tiradentes, que havia sido aplainada há pouco tempo, deixando de ser campo de futebol, para virar praça.
Pois nessa noite histórica em que vi o Teixeirinha, me fixei mais na Perla, por causa da inebriante música ESTRADA DO SOL, que servia de movimentação para a bela contorcionista de biquíni vermelho se exibir. Tinha um espectador ao meu lado na arquibancada que ficava de pé, se espichando para “bombear” por mais “detalhes” da bailarina!
Alguém se lembra de alguns acampamentos de ciganos que também por ali estiveram? Recordando daquele longevo período, uma cigana que veio ler a sorte em nossa casa, ficou espantada com os “trabalhos”, aprontados pelo reino das trevas para cima da família Weber/Griebeler!
Depois desta rápida consulta, até então a preço módico, houve uma demorada, envolvente e convincente conversa e, assim, numa fria e embarrada noite de garoa, (não havia calçamento na maioria das ruas!), meu pai se esgueirou para debaixo das lonas da cartomante no acampamento cigano na Praça Tiradentes, voltando mais tarde desanimado: o preço que haviam apresentado para “desmanchar” as maquinações era muito elevado!

Asas para voar

Desde os primórdios da humanidade, pensamos em nos elevar aos ares, como os pássaros. Mesmo que a teoria do evolucionismo tenha baixado a gente das árvores para rastejar pelo solo!
De minha parte, tenho admiração pelas aves e, deve ser pelo desmatamento que está ocorrendo nos minguados capões de mato que ainda existiam, ocasionado pela construção da Usina Passo São João, apareceram na última primavera, e agora se repete, a vinda em nosso pátio de três pássaros, parecidos com um sabiá mais delgado (na foto o sabiá), negros retintos e lustrosos. Também nesse período, andaram aterrissando na quirera que espalhamos para eles, uma família de uns dez pelinchos (nome só usado no RS, em outras plagas, é anu-branco, alma de gato, rabo de palha, etc). De quando em quando, lá pelas três horas da madrugada, se ouve um piar lamentoso… deve ser o urutau que vaga, procurando pouso num galho não mais existente!
Também alguma coruja se pronuncia. Dizem que antigamente, era meio lúgubre caminhar pelo interior, onde em cada moirão de cerca, se ouvia elas a piar em sinfonia!
Conjuntura deste poeta e escriba, inspirado pelas madrugadas, descrevendo o que motiva algumas das poesias!

Roque Gonzales e o Turismo

Por João Weber Griebeler
Em Roque Gonzales está acontecendo uma transformação significativa, com a diminuição do setor rural, devido em partes a perda de áreas agricultáveis para a barragem da Usina Passo São João e, também, devido ao envelhecimento da população que estava radicada na agricultura, a qual, ao obter a sua aposentadoria, passa a acalentar o sonho de melhorar de vida, residindo na cidade.
Todos, enfim, atingidos pela barragem e ex-agricultores já na terceira idade, passam a integrar o meio urbano, necessitando, portanto, a cidade a ter de oferecer outras oportunidades de empregos e negócios para sua população e, sem dúvida, uma dessas possibilidades é mudar a força da matriz produtiva, inovando em outros pólos de negócios e formas de se qualificar produtos e ganhar renda.
Uma dessas opções é a considerada “indústria sem chaminés”: o turismo e, Roque Gonzales, está passando por uma oportunidade única na história regional com a construção da Usina Passo São João.
Vamos ter, enfim, atrativos capazes de motivar visitantes a virem de outras cidades para Roque Gonzales, seja para conhecerem a primeira estação geradora de energia do governo federal na retomada da Eletrosul, no próximo ano de 2010, seja para conhecerem o lago da barragem e o atrativo de um balneário sustentável, equipado com atrativos únicos na região para o esporte aquático e o lazer, sem contar outras atrações que, já temos, bastando olhar ao nosso redor e elencar alguns destes locais.
Este é o objetivo de uma série de matérias que o Jornal Igaçaba vai procurar proporcionar aos seus leitores!
Destes locais a merecer destaque, um dos cartões postais mais visitados, filmado e fotografado pelos visitantes é a Igreja Matriz da Paróquia São Roque Gonzales, com a pedra fundamental da edificação tendo sido lançada no dia 14/05/1950, nos tempos em que pertencíamos à Paróquia de Pirapó, sob o comando do Padre Francisco Rieger, com Bruno Heinzmmann sendo o construtor responsável pela obra
Entre a construção da igreja nos anos 1950 e a época atual, houve sensíveis modificações na Igreja Católica, principalmente devido ao 2o Concílio Vaticano, como o costume de celebrar a missa em latim e o pároco rezar de costas para os fiéis.
O melhor exemplo está na arquitetura, com a igreja de Roque Gonzales sendo uma das últimas construídas no estilo medieval nas Missões, neo-gótico (dos quais, uma das referências é a Igreja Votiva, em Viena (Áustria), denominado de ARQUITETURA REVIVALISTA, com raízes na Inglaterra do século 18 e grande influência na Europa e Américas, como a Catedral de São Paulo com suas duas torres.
Um detalhe a observar é que esta não é a primeira igreja católica matriz de Roque Gonzales. A antiga igreja era apenas uma capela, dedicada a São Pedro Canísio, que fazia também de local de escola, a Escola Roque Gonzales, com o sino ficando num campanário ao lado e, estava localizada onde hoje é a primeira sala do Centro Catequético. Aliás, este foi construído com os tijolos e todo o material da antiga igreja, demolida no dia 03/01/1955..
O 1o documento de uma associação de cidadãos roque-gonzalenses foi a ata de fundação da igreja, da escola e do cemitério, em 06/01/1928 (até pouco tempo, o dia 06 de janeiro costumava ser feriado, devido ser o DIA DE REIS, tanto que a data de fundação do Olaria FC, em 1966, também foi nesse dia, por ser um dia santo de se guardar!).
Mesmo tendo uma nova e ambiciosa estrutura, a nova igreja permaneceu capela até o dia 14/04/1963, quando passou a ser paróquia e o 1o pároco foi Monsenhor Luiz Kreutz, nomeado em 23/06/1963.
Uma visitação aos locais religiosos de Roque Gonzales deve incluir a Casa Canônica, ao lado da igreja, que é outra significativa construção da arquitetura religiosa, iniciada em 25/11/1962, sob a determinação do Padre Fridolino Binsfeld, muito empreendedor e construtor!

Colorindo a Luz do Senhor - Os vitrais coloridos que ornamentam as janelas tem toda uma simbologia, sendo os dez principais com o tema da Via Sacra e quatro menores (do Altar).
Está se pensando numa restauração destes vitrais, obra demorada e que demandará cerca de um ano de trabalho, com um custo aproximado de R$ 17 mil, conforme avaliação de empresa restauradora da cidade de Canoas.

Histórico - As comunidades reunidas em capelas formam as paróquias e, estas, as dioceses e, seu número e constituição no decorrer dos anos, é uma história própria, com opções e desistências. Assim, do que viria a ser o futuro município de Roque Gonzales, a primeira comunidade a constar na formação de uma paróquia é a da Barra do Ijúi, formando em 1932 a Paróquia São José, de Pirapó.
A Paróquia Sagrada Família de Nazaré, de Serro Azul (Cerro Largo), criada em 1919, rezava, em ata constante do livro da Diocese Missioneira de Santo Ângelo, que vinha “fazendo divisa com o Rio Ijuí” acompanhado a seguir “a sombra do mato até a Linha Dona Helena”. Ou seja, até a Esquina Fátima e passando pela Vila Dona Otília.
A criação solene da comunidade de Roque Gonzales foi em 27/01/1927, em missa celebrada pelo Monsenhor Estanislau Wolski, quando integrávamos a Paróquia São Luiz Gonzaga, criada em 08/01/1859, em decreto da Assembléia Legislativa e o Governo Imperial!
A nossa Paróquia São Roque Gonzales foi formada pelo Bispo Dom Aloisio Lorscheider, desmembrando as comunidades da paróquia de Pirapó (Roque Gonzales, Colônia Laranjeira, Nova Flórida e Rincão São João), da paróquia de São Luzi Gonzaga (Afonso Rodrigues); de Cerro Largo (Esquina Fátima e Santa Teresinha) e de São Paulo das Missões (Linha Sobrado).
Todos pertenciam à Diocese de Uruguaiana, até a criação da Diocese Angelopolitana, criada em 22/05/1961 e instalada em 12/06/1962.